Abrimos o Manifesto Antropófago do Oswald de Andrade e começamos a devorá-lo a partir da pergunta: como seria uma igreja teofágica? Lemos somente o começo e conversamos.
Só a Antropofagia nos une. Socialmente. Economicamente. Filosoficamente.Pensamos na devoração de Deus, e este sendo amor Ágape, como uma maneira de viabilizar: a devoração do próximo, o diálogo e a antropofagia que nos une.
Na visão da Cia Antropofágica, quando o Bispo Sardinha foi devorado pelos índios caetés, estes se tornaram um pouco portugueses - "Ora pois, cacique Manuel". A antropofagia servia na cultura indígena para apropriar-se das características, da natureza, da força, das qualidades do devorado. Por isso os índios passam a chamar o cacique de "Manuel", com um sotaque português, porque foi compartilhada com eles a natureza do Bispo Sardinha. Queremos comer Deus para absorvermos a Sua Natureza - o amor Ágape.
Se não gostamos de uma comida, não comemos.
Somente o amor Ágape, produto em nós da teofagia, ou da "teosis" como diriam alguns pais da igreja, tira todos os preconceitos, todas as barreiras, toda a roupa que nos impede de devorar o próximo, absorvendo a energia que ele nos oferece e oferecendo a ele a energia que temos.
Só a Antropofagia nos une. Só através da Teofagia conseguimos praticar uma Antropofagia verdadeira.
Deus pode ser comido em suas três pessoas/modos: Cristo através da tradição, da bíblia, da história, da teologia; o Criador através da sua criação, da natureza, da ciência, da razão; o Espírito através da experiência mística, espiritual, espontânea, mágica.
Contra todas as catequeses
Toda maneira fixa, rígida, imutável de entender a prática da fé, a espiritualidade, deve ser jogada fora. Ser contra todas as catequeses, interessar-se somente por aquilo que não é seu, significa abandonar a teologia (o estudo dos dogmas rígidos que buscam definir Deus) pela Teofagia: a experiência da devoração de Deus, que gera conhecimento coletivamente. Este conhecimento estimula outras experiências, estas produzem mais conhecimento.
Depois de conversar mais ou menos isso tudo, escrevemos um primeiro rascunho de um Manifesto Teófago:
A teofagia
Até eu fazia.
Contra todas as catequeses
Contra todas as teologias.
Corpo de Cristo partido por nós
